Biblioteca Joanina

Biblioteca Joanina
Obra-prima do barroco.
Fundada pelo Rei D. João V (1689 - 1750) é uma das mais ricas bibliotecas barrocas da Europa. Edificada entre 1717 e 1728, esta biblioteca está localizada no lugar mais central da Universidade de Coimbra, o Paço das Escolas. Foi construída para albergar a biblioteca universitária, e tem um acervo de cerca de 70 mil volumes (anteriores a 1800), com um grande núcleo de Livro Antigo.

O espaço da biblioteca articula três salas que comunicam entre si através de arcos integralmente revestidos de estantes. Cromaticamente, a primeira sala tem uma decoração a ouro sobre fundo verde, a segunda a ouro sobre fundo vermelho e, a última, a ouro sobre fundo negro.

A arquitetura deste espaço magnificente centra-se na figura do monarca iluminista: o retrato de D. João V, colocado na parede do topo do edifício, no enfiamento das três salas, funciona como "ponto de fuga", qual altar dos saberes numa alegoria da figura do Rei.

Para além das muitas obras de cristãos-novos que foram professores na Universidade de Coimbra, esta biblioteca alberga um dos tesouros mais importantes do património judaico em Portugal, a Bíblia de Coimbra, comummente conhecida como Bíblia de Abravanel.

Magnífico e raríssimo exemplar de bíblia hebraica iluminada da segunda metade do século XV, a Bíblia de Abravanel foi erradamente relacionada com este importante filósofo lisboeta devido a uma incompleta leitura das anotações de posse e genealógicas que estão inscritas no próprio suporte do texto - de facto, a figura de Isaac Abravanel (1437-1508) é fundamental para se compreender a cultura, a filosofia e a teologia sefardita de finais do século XV, tendo este pensador sido uma figura muito ativa no fortalecimento cultural da sua comunidade, especialmente criando uma biblioteca e uma escola religiosa em Lisboa, sendo natural a associação do seu nome, quase mítico a este livro único.

Esta Bíblia iluminada é um dos mais importantes exemplares que prova a riqueza e a prosperidade da arte da iluminura na segunda metade do século XV, quando já se começava a desenvolver a impressão através da técnica de Gutenberg. Certamente produzido pela chamada Escola de Lisboa, com fortes influências da Escola da Andaluzia, este magnífico volume recupera elementos de decoração de claro sabor islâmico, de um horizonte de interculturalidade e de interface entre os monoteísmos judaico, islâmico e cristão.

A decoração privilegia os motivos vegetalistas e geométricos, seja na decoração, seja na micrografia. Aliás, a Bíblia de Coimbra, ou de Abravanel, é ainda um magnífico exemplar deste estilo de escrita e de decoração onde o desenho é conseguido através de uma escrita tão pequena que, ao olhar não atento, parece ser um simples traço. A consulta das obras carece de autorização previa.